Sabes tu, Senhor deífico,
mirabolante do magnífico,
magistrado deste mundo,
quantas vezes te contei
as passagens que passei
desde o alto até ao fundo…
Sabes tu, Deus eminente,
sobre-humano, omnipotente,
testemunho do que digo,
que no imo da canalha
não há só um deus que valha
às tenções de um falso amigo…
Fui arisco, escorraçado;
em silêncio segregado,
por engano ou artifício…
E nos versos da censura
fui julgado com fartura
pelos sores do santo ofício…
E sabes tu, Senhor da fé,
como essa gente é
e como há-de vir a ser…
António Prates - 2014